domingo, 15 de novembro de 2009

+ 1 Conto...


De novo...

Sempre no final do mês ele seguia até o esperado momento no mesmo edifício velho e cinza da esquina.Ele caminha até ele,sobe no elevador até o 14º andar.Toca a campainha,apenas uma vez para não chamar atenção.Ela atende,com uma roupa pequena mas discreta e sensual.Eles se cumprimentam,não parecem se conhecer há tanto tempo.Ele abre a boca para dizer algo.O dedo indicador dela sela seus lábios rapidamente,indicando um silêncio bem vindo e sensual.Ele respira fundo e se arrepia profundamente.Todos os pelos de seu corpo estão em riste.Os bicos de seus seios apontam para algo que não pode ser visto na parede do pequeno apartamento alugado no centro da Cidade.-É uma cidade grande,existem perigos para uma mulher sozinha;ela sempre exclamava quando era questionada por ele sobre a aquisição de uma casa melhor,ou outro local mais apropriado.Demora para tirar sua roupa,ela pensa.E também se arrepia ao pensar em suas palavras quentes em seu ouvido.Enquanto ela imagina e planeja,ele já está nu em sua frente.Ela,seminua,termina de se despir e respira rápido,ofegante,sabendo que o momento é único e passa em um segundo.Eles se tocam,como adolescentes em seu primeiro encontro.Não podem demorar-se,é a regra e eles a seguem,sem problema.Trocam momentos perfumados,corporais artificiais e naturais.Sabem que se gostam,mas não devem,não podem.Quase se arranham,sem poder se marcarem.Mas estão profundamente marcados,algemados,queimados.Terminou.Foi quase bom,se não fossem as regras,as proibições.Mas eles respeitavam.Sabiam.-Saco,essa chuva não passa...fala ele de forma envergonhada e olhando para o chão.Pega a carteira,tira uma nota.passa a ela.Seus dedos se tocam,e isso é sentido por ambos.Se imaginam em um calçadão,na praia,passeando de mãos dadas,após um longo banho de mar.Imaginam,ambos,e é só...Ele parte,se despede dela.Ela pede que volte,sempre.A porta se fecha de vagar.Caminha até o elevador,seu cheiro infesta sua mente e guia seus pensamentos até seu corpo.Mas precisa aterrissar,voltar ao cotidiano,a seu trabalho.Chega ao térreo.-Saco,essa chuva não passa;reclama um passante.Ele acorda.Chega ao trabalho.Mas sua mente não.Está em outro plano.Seu eterno mundo-corpo-perfumado o qual ele sonha sempre a que chegue o momento outra vez.De novo...

Tiago Cunha